Dados, administração de recursos e protagonismo: Pesquisa revela preocupações e anseios das empresas com a Gestão da Saúde

Realizada pela hCentrix, pesquisa ouviu dezenas de executivos de RH de corporações de médio e grande porte.

O acesso à saúde é considerado, atualmente, um dos maiores benefícios (senão o maior) no mundo corporativo. Diversos estudos dão conta de que ter um plano de saúde é considerado muito importante para a maioria dos colaboradores. Não à toa, o plano de saúde é o benefício mais oferecido pelas empresas no Brasil segundo um estudo feito pela Aon Hewitt em 2011.  Isso significa que as empresas, por meio da atuação de seus profissionais de Recursos Humanos, tem como preocupação a saúde e o bem-estar de seus colaboradores e visam garantir que eles tenham proteção e assistência garantidas.

Essa realidade, no entanto,  vai de encontro a uma questão preocupante para as empresas: o custo, cada vez mais alto, das despesas médicas e a elevação da folha. Tanto, que, depois da folha de pagamento, o plano de saúde tem se tornado o maior custo para as corporações. Mas, o que pode ser feito para solucionar esse problema? Para responder a essa pergunta é necessário, primeiramente, entender a realidade dessas empresas. E, para isso, a hCentrix fez uma pesquisa com executivos de RH de diversas empresas e mapeou alguns pontos centrais para uma melhor jornada da Saúde. A pesquisa ouviu no mês de julho deste ano setenta executivos com poder de decisão sobre o benefício em empresas de médio e grande porte nos setores de manufatura, bens de consumo, químico, varejo, serviços financeiros, tecnologia, agro, energia, educação, saúde, alimentação e aviação.

O primeiro resultado endossou o que todos os agentes do Sistema de Saúde já sabem: mesmo em um cenário ideal, livre de grandes eventualidades, os custos de saúde tendem a apresentar um crescimento gradual ano após ano. Esse custo é justificável, em parte, devido ao reajuste anual das próprias operadoras de saúde somado ao aumento no preço de insumos e modernização de tratamentos e equipamentos. Outro fator que justifica o aumento dos custos é evolução do quadro de saúde dos colabores. Casos de pacientes crônicos não acompanhados ou não relatados, por exemplo, podem evoluir para outras patologias mais graves e, consequentemente, demandar mais assistência e maiores recursos.  Os custos podem, ainda, virem a ser maiores em cenários de calamidade, como a pandemia de Covid-19. Nesse caso, os custos com saúde tendem a ser subitamente maiores, o que impacta tanto as operadoras de saúde quanto a folha das empresas.

O segundo ponto identificado foi o grau de preocupação dos gestores de RH com o aumento desses custos. Os indicadores demonstram que a Gestão de Saúde Corporativa está no topo das preocupações dos gestores corporativos. Eles também apresentaram grande preocupação no que diz respeito ao acesso aos dados populacionais para, assim, terem mais previsibilidade no controle dos gastos e condições de desenvolverem estratégias de prevenção identificando oportunidades de intervenção para que suas ações sejam mais assertivas.

Outro dado importante aferido foi a percepção sobre as possibilidades das novas tecnologias na Saúde, incluindo a Inteligência Artificial. Os gestores respondentes enxergam esses recursos como a chave para que se possa, num futuro cada vez mais próximo, fazer o gerenciamento de casos e pontos críticos a partir da mensuração dos dados em tempo real. Esse fator foi apontado como importante e necessário pelos gestores.

Ainda falando na possibilidade em se trabalhar com dados em tempo real, uma questão específica tratou desse tema e o resultado endossou a relevância das ferramentas da hCentrix não apenas para as operadoras de saúde como também para as próprias empresas. Ter dados em tempo real para discutir e decidir com a operadora sobre os casos de maior risco e custos operacionais foi visto como uma prioridade e a maior necessidade entre todas apresentadas para os gestores. Logo, entendemos que uma nova forma de se pensar a saúde tem emergido dentro das empresas e o entendimento de que a busca por soluções para a gestão de saúde e economia de recursos só será possível com a atuação unificada de todas as partes envolvidas.

Dessa forma, é perceptível que há um pleno entendimento de que somente o recebimento de dados finais da operadora de saúde não são suficientes para mensurar, prever e se antecipar aos custos de saúde dos colaborares. Mais que uma preocupação com os custos crescentes, há uma busca por soluções que possibilitem o protagonismo dentro das corporações, não apenas para prever o futuro, mas também para gerenciar o presente com mais assertividade e propriedade a fim de melhorar a experiência na jornada do paciente. Todas essas percepções estão alinhadas à proposta da hCentrix em entregar soluções a partir de tecnologia da informação para permitir esse protagonismo e uma nova forma de gestão de saúde para empresas a partir do contato com seus colaboradores, com as operadoras de Saúde e demais players. Consequentemente, quando todos os fatores contribuem para a melhoria na experiência do paciente, os impactos positivos gerados beneficiam todo o Sistema de Saúde.

2020, um ano atípico:

A pandemia de Covid-19 provocou uma série de impactos no Sistema de Saúde, fatores considerados na formulação e aplicação da pesquisa. O cenário atípico, contudo, só reforçou a importância em se ter condições de avaliar em tempo real para gerir melhor os recursos atuais, prever os impactos futuros e intervir para que casos com maior potencial de risco não venham a se desenvolver e se tornarem um problema no futuro.

Confira aqui o resultado completo da pesquisa!

A Auditoria em Saúde frente às mudanças tecnológicas

Olá, me chamo Isabella V. de Oliveira e sou médica. Estou há 23 anos atuando na área de Auditoria em Saúde Suplementar. Comecei auditando numa autogestão no RJ, quando ainda não existia a ANS. Usava uma tabela de procedimentos chamada AMB 90. Com o passar dos anos vieram muitas outras tabelas e acordos, a Lei 9656, as inúmeras Resoluções Normativas, o rol, suas Diretrizes de Utilização. E muitas, muitas mudanças…

Quando comecei a trabalhar como médica auditora não existiam cursos de formação na área e aprendi com “a mão na massa”. Tive um excelente preceptor, que me ensinou a gostar do trabalho e a quem serei eternamente grata (Dr. Almir). Naquela época, nos limitávamos a conferir as contas e liberar procedimentos de acordo com os pedidos médicos. Incrivelmente, não havia muita preocupação com os custos. E as empresas, pelo menos as de autogestão, nos faziam enquadrar os novos procedimentos dentro das tabelas existentes, o que era um exercício de “puxa e empurra”. Pesquisávamos na tabela o que havia de mais parecido em termos de descrição e complexidade e liberávamos por analogia. Nas análises de contas, íamos riscando com uma caneta vermelha tudo que não estivesse em conformidade (naquela época só existiam contas em meio físico). Não usávamos computadores, longe disso! Quando começamos a trabalhar com contas digitalizadas, até presenciei colegas que se recusavam a usar computadores.

Vieram a agência e suas normatizações. Vieram as novas tecnologias em saúde (especialmente os procedimentos, medicamentos e materiais de alto custo) cada vez mais pressionando o caixa das operadoras. Muitas dessas tecnologias trouxeram benefícios, outras apenas custos. Além disso, diversos outros fatores bem conhecidos fizeram com que os gestores começassem a se preocupar com a sinistralidade. E as empresas entenderam que teriam que adotar outras estratégias de controle para sobreviver.

E junto a tudo isso, veio a tecnologia da informação, abrindo todo um universo de possibilidades.

A Auditoria em Saúde está em franca evolução. Daqui 5 anos ela não será mais a mesma. O papel do auditor está se transformando e seu perfil também precisa se transformar. Quem pensa que Auditoria é uma área para quem quer se acomodar, está muito enganado! O auditor lida com os mais variados tipos de procedimentos, muitas novas tecnologias, de todas as especialidades. Além de normas e contratos, precisa ter noções de Saúde Baseada em Evidências, Avaliação de Tecnologias em Saúde e Economia da Saúde. Precisa compreender que o processo de autorização de senhas não está descolado do todo. Ali se inicia toda uma cadeia de acontecimentos para aquele beneficiário, que terá implicações futuras para ele e para toda aquela carteira a qual ele pertence.

Se por um lado a Inteligência Artificial (IA) aplicada à Regulação em Saúde está começando a substituir algumas funções do auditor, outras funções surgem para substituí-las. Por exemplo: Na pré-implantação de uma solução de IA, o auditor em saúde precisa aplicar seus conhecimentos em tabelas de procedimentos, para orientar os analistas de sistemas a elaborarem algoritmos. Na pós-implantação dessa solução, o auditor terá o papel de validar as informações. Dessa forma a solução se refina.

Começam a surgir no mercado sistemas informatizados que oferecem uma visão da jornada do beneficiário. Tais sistemas atuam como ferramentas de suporte para o auditor em todas as etapas do processo de regulação (da análise de senhas ao fechamento de contas). É todo um novo mundo para o auditor, que passa a não só analisar o procedimento solicitado naquela senha, mas vislumbra possibilidades de atuar na prevenção de eventos futuros. Ou seja, o auditor passa a abraçar uma cultura analítica, onde o melhor uso dos dados contribui na tomada de decisão.

As soluções da hCentrix permitem que o auditor explore essas possibilidades. Uma delas é a de encaminhar beneficiários marcados pelo sistema com sentinelas e alertas específicos em determinadas condições de saúde, para programas específicos. Por exemplo: beneficiário idoso que pede senha para cirurgia de fratura de fêmur, já pode ser direcionado a um programa de prevenção de novas fraturas após sua alta hospitalar.

O auditor também pode atuar junto à Gestão no momento da análise de senha direcionando o caso para um prestador referenciado, antes da liberação daquele procedimento num prestador marcado como crítico no sistema. Enfim, sistemas assim desenhados permitem que o auditor tenha um papel mais estratégico no processo de autorização.

Portanto, o auditor moderno precisa quebrar paradigmas e se adaptar aos novos tempos. Novos tempos onde teremos que lidar com inteligência artificial, aprendizado de máquina, novos modelos de remuneração.

“Muitos temem que algoritmos e inteligência artificial assumam os empregos dos profissionais médicos no futuro. Duvido muito. Em vez de substituir os médicos, a IA irá torná-los maiores e melhores em seus trabalhos. Sem o dia-a-dia de tarefas administrativas e repetitivas, a comunidade médica poderia novamente recorrer à sua tarefa mais importante com total atenção: a cura”.

The Medical Futurist Magazine, 2017

Finalmente, se eu tenho alguns conselhos para dar aos colegas são eles:

  • Estudem sempre!
  • Atualizem-se e busquem sempre aprender algo novo.
  • Estudem as tendências dentro da nossa área profissional.
  • Estejam abertos às mudanças. Elas são inevitáveis.  

“Não considere nenhuma prática como imutável. Mude e esteja pronto para mudar novamente. Não aceite uma verdade eterna”.

Frederic Skinner